PROIBIDO VOAR
O sol brilhava com luz ténue
sem queimar ainda as esperanças
sentia na terra afundir os pés
a ramagem a cobrir os meus olhos
e as sombras da noite intensa
na friagem da escura invernia
os sonhos, a exalarem aromas
de frescos e agradáveis sabores
as maos agatunhando ladeiras
o vento silente que me falava
do rio, das árvores, das pedras
e um riso inocente de madrugada
espreita em silêncio o amencer
o fusil mais eu entre a floresta
somos um na mesma batalha
semelhamos dous namorados
que morreriam juntos se preciso
neste monte-morada desterrados
vamos dando passos, caminhamos
nom adivinham as aves do ceu
que cá em baixo voar é proibido
sempre agardam as aves de rapinha
carnagem para arrincar as vidas
dos que indómitos desejam luitar
contra o ruim egoismo humano
que destrui os campos sementados
e nom dá frutos senom que estraga
o trabalho humilde e a memória
para impedir construirmos a história
que despreze a ruim e vil canalha
dos que desejam impor-nos cadeias
amedrentam com jugos que afogam
mantendo os coraçons entre letargias
e o palpite já quase nom se escuita
tudos andam submissos e calados
ninguém mira de fronte os olhos
permanecem na derrota agardando
que um suspiro os acorde do pesadelo
do opróbrio e morte que espalharom
os criminais assassinos desta Pátria
para devolver aços e esperança
por tanto tempo que foi esmagada
e tantas mortes mantidas na distáncia.