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terça-feira, 26 de abril de 2011

Proibido voar















PROIBIDO VOAR



O sol brilhava com luz ténue

sem queimar ainda as esperanças

sentia na terra afundir os pés

a ramagem a cobrir os meus olhos

e as sombras da noite intensa

na friagem da escura invernia

os sonhos, a exalarem aromas

de frescos e agradáveis sabores

as maos agatunhando ladeiras

o vento silente que me falava

do rio, das árvores, das pedras

e um riso inocente de madrugada

espreita em silêncio o amencer

o fusil mais eu entre a floresta

somos um na mesma batalha

semelhamos dous namorados

que morreriam juntos se preciso

neste monte-morada desterrados

vamos dando passos, caminhamos

nom adivinham as aves do ceu

que cá em baixo voar é proibido

sempre agardam as aves de rapinha

carnagem para arrincar as vidas

dos que indómitos desejam luitar

contra o ruim egoismo humano

que destrui os campos sementados

e nom dá frutos senom que estraga

o trabalho humilde e a memória

para impedir construirmos a história

que despreze a ruim e vil canalha

dos que desejam impor-nos cadeias

amedrentam com jugos que afogam

mantendo os coraçons entre letargias

e o palpite já quase nom se escuita

tudos andam submissos e calados

ninguém mira de fronte os olhos

permanecem na derrota agardando

que um suspiro os acorde do pesadelo

do opróbrio e morte que espalharom

os criminais assassinos desta Pátria

para devolver aços e esperança

por tanto tempo que foi esmagada

e tantas mortes mantidas na distáncia.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

CONSTITUIÇOM















CONSTITUIÇOM

E nessas folhas mortas

entre ramagens secas e caducas

dançam as letras malditas

entre espaços de silêncio

vam debuxando palavras

que leio e nom compreendo

acho que agocham segredos

levados de madrugada

já derreteu o chumbo

nos seus corpos ainda quentes

figerom semente na terra

agora, som esperança

Árvore possuidora de estigmas

nom há folha sem qualquer mancha

tronco que nasceu apodrecido

com um cancro nas entranhas

polui as demais árvores

e nom deixa medrar nada

Sua sombra pétrea e opressora

arremete contra toda liberdade

a seiva que alimenta as raízes

é veneno que se estende a toda a planta

Acho que a chamam democracia

cuspindo com arrogância

esses da oligarquia burguesa

entre leis, decretos e mandados.

Mas se desejas rebelar-te

contra todo este tormento

hás ser punido com veemência

e obrigado ajoenlhar-te

ante a Santa Real Audiência

Criarom umha doutrina

entre comas, artigos e pontos

com obrigas de aceitarmos ser

do Rei os seus súbditos

e da podrémia carragem

emergirom férreas cadeias

para unir os nossos destinos

a esta planta maligna e alheia

que ameaça e constringe

a grande árvore da nossa Pátria.

Já vam mais de 30 anos

e ainda medra esta espécie estranha

acho que leva por nome

“Umha Grande y Livre Espanha”

Choverom bons aguaceiros

e houvo, também, imensas tronadas

depois há eclodir a primavera

alumeando nova alvorada

para afastarmo-nos do jugo

esse que a tod@s abafa

acordando já do sono

que aos poucos fire e mata.

Embora, é possível, aniquilá-la

se a mantemos isolada

fugimos da sua presença

deixando assim de alimentá-la

Mentres, podemos ir na procura

das nossas sabias palavras

essas do nosso idioma

que compreendemos e amamos

com coerência e bem dispostas

cheias de bom significado

inçadas de razom e conhecimento

afastando-nos daquelas folhas

doentes e malcheirentas

que absorvem a nossa vida

que anulam a nossa essência.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

AREIAS DE MORTE















AREIAS DE MORTE

Há areias a se mexerem sob os meus pés

abalam o meu corpo sem eu querer

perdo o equilíbrio e vou bater com o chao

tento me erguer, mas sinto umha vertigem

tudo à minha frente é muito difuso

nem sequer enxergo ao longe um horizonte

umha névoa ou fumaça que se desloca

de súpeto me abraça, enche todo o espaço

sinto-me envolvida por esse halo abrangente

como hesitar misteriosso e aterrador

preciso retroceder sobre os meus passos

nom é possível, as pegadas esmoreceram

mas também nom podo avançar para frente

nom desejo cair nos abismos que me arrodeiam

agochados entre a cegadora invisibilidade

do nevoeiro que ocultou as beiras dos caminhos

nom há luzes, nem maos, nem voces, nem cores

nem formas, apenas sombras transtornadas

que derom em palidecer e virarem abstractas

todo o conhecido até o de agora esvaiu

os pássaros emudeceram os seus trinos

e cessarom as suas asas de bater no ar

o vento esvaziou toda a força de seus sopros

as árvores nom projectam já a ramagem ao ceu

nem escuito a corrente das augas do rio

e os raios de sol nom quentam na noite

o amencer quebrou e escachou o dia

o coraçom paralisou os latejos, ficou quieto,

imóvel na sua constante atividade

E a vida, que foi dela...onde está a vida...?

Por quê fugiu de mim...?

e deixou espaço ao frio, ao silêncio, a quietude,

a parálise, a invisibilidade, as sombras amorfas

trevosas e transtornadas pelos acontecimentos

Essa noite sem esferas astrais, preta e abissal

que nom tem fim e tornou-se eterna, como

ponto final que chegou ao sem retorno:

A INEXISTÊNCIA= A MORTE.

.

domingo, 12 de dezembro de 2010

ALARDE MISTO













ALARDE MISTO

É a nuvagem a causante da tua doença

e longiquo o rasto espalhado no ceu

Eu, ainda continuo a padecer-te...

Na tua mao agitas meu universo

dançando ao ritmo dos teus desejos

Mas os soldadinhos de chumbo

ficarom todos deitados no chao

Mentres agardo imóvel ao seu rente

achava impossível de te aperceberes

da minha presença.


Entre todos os combatentes inertes

procurava misturar-me com os

engalanados uniformes do batalhom masculino

portadores de sabres e estandartes

Enquanto olhavas a desfeita

do último combate, tornava-se o estrépito

em silêncio após a luita atroz

sem bandeiras de rendiçom a ondear

aniquiladas pelo teu jogo egoista

e pela tua prepotência genérica.


Exigias a cessom absoluta da minha

soberania para ocupar o meu espaço

e te apoderares nom só das fronteiras

mesmo também do território, com seus

recursos e bens imanentes.

Assim mesmo ofereces-me os braços

abertos, diligentes e protetcores

com a debilidade extrema que padeço

pelas provocaçons constantes

que impidem um pacto entre iguais.


Ansiavas a assimilaçom ao inimigo

a destruiçom de qualquer resquício

de consciência autóctone e identitária

Mas, amar e querer som incomensuráveis

O desfrute e gozo sumo compartilhado

sem pressons, nem obrigas impostas

sem subjugar, nem dominar

sem anular a capacidade de ser eu mesma,

um compromisso livre e igual

afastado de todo egoismo.


Ham-se despejar os ceus da nuvagem

os rastos esvairam-se e o sol quentará

o dia com raios de esperança

que fundam os coraçons sem vida dos

soldadinhos de chumbo na construiçom

de alardes mistos para a lembrança

da luta contra qualquer um tipo de opressom.

                                                    BELÉM GRANDAL

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PROCURO-TE



















PROCURO-TE


Enquanto o mar vomita borbulhas esbranquiçadas no seu violento agitar

bate as suas ondas tempestuosas contra as rochas escarpadas dos alcantis

e deposita a sua escura e imensa profundidade nos húmidos e salgados areais

Eu, procuro o morno e doce acuvilho dos teus compracentes abraços.


Enquanto o ceu com a sua nuvagem gris e borralhenta anúncia trevons

os lôstregos alumeiam com o seu fulgor a negrume do momento

e a descarga de energias arremete com um estrondo intenso e arrepiante

Eu, procuro o brilho sereno e apacível do teu profundo e atrainte olhar.


Enquanto os rios arrastam nas enchentes o entulho a descerem até o leito

asolagam as suas beiras afogando nos remuinhos os escolhos emergidos

e nas montanhas as fervenças ham choutar a eito cuspindo escuma

Eu, procuro os teus delicados e suaves beiços esbarando na minha pele.


Enquanto as árvores rebulem sem cessar zoando forte nos dias de temporal

deitam ciscando no chao as folhas e ramagens desprendidas e abatidas

e as pingas da chuva molham o estrume que cobre o solo sombrio

Eu, procuro unir nossas maos férteis para construirmos um jardim.


Enquanto ao cair da noite o sol torna-se numha esfera ruborizada

A lua orgulhosa quer mostrar sua alvura dissipando as tebras nocturnas

e cintilam as estrelas marcando o compás do coro astral no Universo

Eu, procuro conjugar contigo os nossos corpos sob a abóboda celeste.


Enquanto o inverno frio e desapacível gela o sangue que corre polas veas

as folerpas de neve vam caindo a modinho cubrindo a terra de labor

e esta época triste e efémera converte as cores em amortecidas e decadentes

Eu, procuro a expressom clara e transparente do teu agradável rosto.


Enquanto a lava do volcám aflora ao exterior demonstrando autoridade

expele incandescência emanada das entranhas originárias da terra

e no seu ciclo destrue o que atopa para construir umha nova materia

Eu procuro-te para irmos artelhando um novo caminho de Revoluçom.