
PROCURO-TE
Enquanto o mar vomita borbulhas esbranquiçadas no seu violento agitar
bate as suas ondas tempestuosas contra as rochas escarpadas dos alcantis
e deposita a sua escura e imensa profundidade nos húmidos e salgados areais
Eu, procuro o morno e doce acuvilho dos teus compracentes abraços.
Enquanto o ceu com a sua nuvagem gris e borralhenta anúncia trevons
os lôstregos alumeiam com o seu fulgor a negrume do momento
e a descarga de energias arremete com um estrondo intenso e arrepiante
Eu, procuro o brilho sereno e apacível do teu profundo e atrainte olhar.
Enquanto os rios arrastam nas enchentes o entulho a descerem até o leito
asolagam as suas beiras afogando nos remuinhos os escolhos emergidos
e nas montanhas as fervenças ham choutar a eito cuspindo escuma
Eu, procuro os teus delicados e suaves beiços esbarando na minha pele.
Enquanto as árvores rebulem sem cessar zoando forte nos dias de temporal
deitam ciscando no chao as folhas e ramagens desprendidas e abatidas
e as pingas da chuva molham o estrume que cobre o solo sombrio
Eu, procuro unir nossas maos férteis para construirmos um jardim.
Enquanto ao cair da noite o sol torna-se numha esfera ruborizada
A lua orgulhosa quer mostrar sua alvura dissipando as tebras nocturnas
e cintilam as estrelas marcando o compás do coro astral no Universo
Eu, procuro conjugar contigo os nossos corpos sob a abóboda celeste.
Enquanto o inverno frio e desapacível gela o sangue que corre polas veas
as folerpas de neve vam caindo a modinho cubrindo a terra de labor
e esta época triste e efémera converte as cores em amortecidas e decadentes
Eu, procuro a expressom clara e transparente do teu agradável rosto.
Enquanto a lava do volcám aflora ao exterior demonstrando autoridade
expele incandescência emanada das entranhas originárias da terra
e no seu ciclo destrue o que atopa para construir umha nova materia
Eu procuro-te para irmos artelhando um novo caminho de Revoluçom.