Páginas

domingo, 12 de dezembro de 2010

ALARDE MISTO













ALARDE MISTO

É a nuvagem a causante da tua doença

e longiquo o rasto espalhado no ceu

Eu, ainda continuo a padecer-te...

Na tua mao agitas meu universo

dançando ao ritmo dos teus desejos

Mas os soldadinhos de chumbo

ficarom todos deitados no chao

Mentres agardo imóvel ao seu rente

achava impossível de te aperceberes

da minha presença.


Entre todos os combatentes inertes

procurava misturar-me com os

engalanados uniformes do batalhom masculino

portadores de sabres e estandartes

Enquanto olhavas a desfeita

do último combate, tornava-se o estrépito

em silêncio após a luita atroz

sem bandeiras de rendiçom a ondear

aniquiladas pelo teu jogo egoista

e pela tua prepotência genérica.


Exigias a cessom absoluta da minha

soberania para ocupar o meu espaço

e te apoderares nom só das fronteiras

mesmo também do território, com seus

recursos e bens imanentes.

Assim mesmo ofereces-me os braços

abertos, diligentes e protetcores

com a debilidade extrema que padeço

pelas provocaçons constantes

que impidem um pacto entre iguais.


Ansiavas a assimilaçom ao inimigo

a destruiçom de qualquer resquício

de consciência autóctone e identitária

Mas, amar e querer som incomensuráveis

O desfrute e gozo sumo compartilhado

sem pressons, nem obrigas impostas

sem subjugar, nem dominar

sem anular a capacidade de ser eu mesma,

um compromisso livre e igual

afastado de todo egoismo.


Ham-se despejar os ceus da nuvagem

os rastos esvairam-se e o sol quentará

o dia com raios de esperança

que fundam os coraçons sem vida dos

soldadinhos de chumbo na construiçom

de alardes mistos para a lembrança

da luta contra qualquer um tipo de opressom.

                                                    BELÉM GRANDAL

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PROCURO-TE



















PROCURO-TE


Enquanto o mar vomita borbulhas esbranquiçadas no seu violento agitar

bate as suas ondas tempestuosas contra as rochas escarpadas dos alcantis

e deposita a sua escura e imensa profundidade nos húmidos e salgados areais

Eu, procuro o morno e doce acuvilho dos teus compracentes abraços.


Enquanto o ceu com a sua nuvagem gris e borralhenta anúncia trevons

os lôstregos alumeiam com o seu fulgor a negrume do momento

e a descarga de energias arremete com um estrondo intenso e arrepiante

Eu, procuro o brilho sereno e apacível do teu profundo e atrainte olhar.


Enquanto os rios arrastam nas enchentes o entulho a descerem até o leito

asolagam as suas beiras afogando nos remuinhos os escolhos emergidos

e nas montanhas as fervenças ham choutar a eito cuspindo escuma

Eu, procuro os teus delicados e suaves beiços esbarando na minha pele.


Enquanto as árvores rebulem sem cessar zoando forte nos dias de temporal

deitam ciscando no chao as folhas e ramagens desprendidas e abatidas

e as pingas da chuva molham o estrume que cobre o solo sombrio

Eu, procuro unir nossas maos férteis para construirmos um jardim.


Enquanto ao cair da noite o sol torna-se numha esfera ruborizada

A lua orgulhosa quer mostrar sua alvura dissipando as tebras nocturnas

e cintilam as estrelas marcando o compás do coro astral no Universo

Eu, procuro conjugar contigo os nossos corpos sob a abóboda celeste.


Enquanto o inverno frio e desapacível gela o sangue que corre polas veas

as folerpas de neve vam caindo a modinho cubrindo a terra de labor

e esta época triste e efémera converte as cores em amortecidas e decadentes

Eu, procuro a expressom clara e transparente do teu agradável rosto.


Enquanto a lava do volcám aflora ao exterior demonstrando autoridade

expele incandescência emanada das entranhas originárias da terra

e no seu ciclo destrue o que atopa para construir umha nova materia

Eu procuro-te para irmos artelhando um novo caminho de Revoluçom.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MUROS



















MUROS

Sórdidos e pétreos muros

que nos cingem

fecham todos os passos

nos caminhos

estam por toda a parte

e nos perseguem

acossam e atormentam

mentres batemos neles

para deitar abaixo a opacidade

que impide abrir janelas, portas

ou qualquer resquício

e otear ao longe os horizontes

quando alvoreje.


Muros que fam muralhas

inexpugnáveis

ainda que consigades atravessar

a imensa distáncia

que vos afasta

do outro lado alguém vigia

para fazer-vós desistir

das ansias

de recuperardes a casa

e a terra na que moravades

agora roubada e ocupada

pelos criminais invasores

da vossa pátria.


Se entre nossas maos

construimos fortaleças

podemos derruir umha a umha

todas as pedras

que reduzem o espaço

dia após dia

querendo arruinar

os campos sementados

de esperança

para logo colheitar dignidade

nesta árida terra

manchada de sangue e luto

e corpos esgotados.


Doem também os muros invisíveis

do esquecemento

dos que miram de esguelha

e nom fam nada

e com seus comportamentos

decidem

que os bons som

os que do alheio se apoderam

sem pedir permisso

nem sentir vergonha

de causar tanta dor e miséria

a um povo que só deseja

viver livre na sua terra.


E tu, vota umha olhada

em redor teu também há muros

muros da ignorância

que corrompem a mente

a consciência e o pensamento

e tu ainda assim calas...?

também nao dis nada...?

e quando chegue o dia

em que te roubem a casa

as terras e matem a tua família

a quem hás pedir ajuda?

Já ninguem há vir no teu socorro

Nada era mentira.


Muros das lamentaçons

Muros da vergonha

Muros da hipocrisia

Muros da incomprensom

Muros das injustiças

Muros da opressom

Muros da vingança

Muros visíveis

Muros invisíveis

Muros da violência

Muros das diferenças

Muros da indignidade

Muros da ignorância

Muros da barbárie

Muros da miséria

Muros da crueldade


MUROS.....QUE FAM MURALHAS E FORTALEÇAS, INEXPUGNÁVEIS...?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O jardim das palavras















O JARDIM DAS PALAVRAS


Observei-te desde a janela regando as plantas murchas do jardim

Amanhá há chover e as pingas ham ser vidros com afiado gume

esnaquiçando as pétalas secas e sem vida para serem inumadas

e tornadas de novo em semente fértil para procriarem beleça


Nom desejo flores frescas recem cortadas acima da minha cova

coma bodegons frios e lúgubres que emudecem os sentimentos

Acredito na emoçom das palavras agradecidas em versos e rimas

de louvança dumha sutil existência que ficou gravada em pedra


No jardim das palavras nascerám sílabas que acentuem o silêncio

omitindo as bágoas que já nom ham escorregar polo meu rosto

após serem ocultadas pola noite perpétua que abrangeu de súpeto

meu corpo doente para rematar grávido de devoradores vermes


Observarei-te desde o além regando os verdes gromos das flores

É bom que medrem enquanto a lua ainda permanece no crescente

No amencer as pétalas húmidas polo orbalho cintilam ao sol

intensificam-se as cores e arrecendem os perfumes com o seu frescor


Saberei da chegada da primavera ao florescer do virtuoso loureiro

ao pé da tumba sob a lousa onde jacem os ossos e restos putrefactos

Ajejarei entre as tebras polos resquícios do túmulo o lueiro da noite

E acordarei as manhans recitando os versos que me aprendera a poeta

domingo, 3 de outubro de 2010

FURACAN MARINHO















FURACAM MARINHO

Barca em que navego desorientada

Sinto mareios com o seu embalar agitado

nas augas bravas

encoleriçadas, de remuinhos

pretos e abissais.

Os remos nom me pertencem

nom os dou topado para vencer

o furacam de auga que já me afoga

Abraça a minha cara com força

incoerente e abatidora.

De súpeto lança-me

em todas direcçons

Surgem das profundidades

ondas gigantes coma tsunamis

A sua negrura abrumadora

produz-me terror mas também

ansias e raiva para poder

destruir sua enorme potência,

imensa e devoradora do meu ser

ferido, mas íntegro.

Aquí estou, só, e no isolamento

luito contra a besta cruel

que deseja possuir-me.

Contra este poder egoista

e aniquilador:

Nas noites de lua crescente

com envolvente circo. Parece que

muda o tempo e me disponho

Ou as de lua cheia onde crio

feitiços para acabar com

a maldade da natureza.

Na saudade dos dias a passar

lentos, espessos e opacos.

Nas primaveras que ainda

sinto longe.

Nos invernos perpétuos

que me acompanham

a cada momento.

Nas horas polas que o tempo

nom passa e som acedas

Na extensom do meu quarto

de salvaçom, onde fico isolada

desafogo e reuno forças.


Qual é a causa de quereres

submeter-me a inconsciência

fóbica dum furacám marinho?


Qual é o motivo desse ímpetu

desmesurado de apoderares-te

da minha vida?


Qué has fazer após me destruires pola

força dos teus desastres psico-naturais?


Achas que teu trunfo será exemplo

para manter em pé outros furacáns

assoladores e catastróficos?


E depois qué...O teu trunfo há de ser

a desgraça dumha parte importante

da Humanidade criadora, e tu, já

nom serás mais que o engendro

da morte.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

ALENTO















ALENTO

Mulher, que agochas no teu seio a semente

corrompida do dianho, dando alimento

o que nasce das entranhas, inconsciente,


dos teus peitos zugava com força o alento

de vida e dignidade com que o nutrias

devagar converteu-se no teu tormento


perante o que hás luitar todos os dias

mentres com dor e sofrimento trabalhas

e andas a escrever versos em elegias


Enquanto é favorável o vento espalhas

a esperança na liberdade que ansias,

da opressom e tirania dos canalhas

deitando fora, bem longe, as agonias.








quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Beijos e Palavras



















POEMA-CANTIGA

Fluem palavras estranhas dos teus beiços

já nom compreendo o sentido do teu querer

antonte falavas-me no ouvido com doçura

hoje tua lingua da nojo em todo o meu ser.


Nom quero pensar das trovas fermosas

que já nom escuito com grande emoçom

nom sei que me dim essas raras palavras

cantando cantigas dessoutra “nación”


Da mágoa os estragos que fai na memória

um virus maligno que impide expressar

a voz que transmite quem é nosso povo

qual nossso caminho, qual nosso cantar.


Eu quero possuir umha voz forte e ceive

que ninguém se oponha minha lingua falar

nem cantigas cantar berrando aturuxos

que nom me de nojo tua lingua ao beijar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A SERPE



















A SERPE

Fria e viscosa serpe que se abraça

afoga minha voz e quita a vida

enquanto muda a húmida coraça


eu procuro o caminho da fugida

mas é agil e arrasta sua figura

até atingir a força estremecida


que origina e cria minha amargura

e destrui a via pela que caminho

causando destroços com impostura


mas, ainda assim, às vezes adivinho

o instinto da besta no desafio

convertido o ánimo em desalinho


vago sem rumo ao livre alvedrio

ela me persegue com muito tino

eu também a espreito com arrepio


para perceberem qual é o destino

e mudarmos o rumo já disposto

polo reptil selvagem e assassino


Eu quero berrar forte e sobreposto

ao ruido que emite quando chia

mirar de frente, sem medo, seu rosto


e nom render-lhe jamais pleitesia

proclamando bem alto umha protesta

contra sua opressom e tirania


Hei matar a ruim cobiça da besta

para que nom se instale e permaneça

alimentada com a nossa ingesta


Batem os coraçons com grande arela

de poderem expressar com firmeça

as palavras da razom sem cautela


É tempo de dar-lhe em toda a cabeça

matar a submissom que nos produz

viver sob a tutela desta peça


Afastar-nos há de quem nos conduz

ao abismo que nos desapareça

sem dia, sem sol, sem nengumha luz

De nós depende  que nos acaeça

                              Belém Grandal

sábado, 14 de agosto de 2010

A LUA


A LUA

Geometria do circo pendurada no espaço

alvura sem esquinas levitando equidistante

quero encher de palavras tuas fundas cráteras

e prenhar-te entre as marés da fertilidade.


Quando o sol alumeie teu grávido ventre

parirás quatro luas entre a terra e o universo

lua nova e crescente, lua cheia e minguante

eróticas feminidades com impúdico sexo.


E nos eclipses as tevras cobrem tua imagem

tudo é escuridade e assombroso silêncio

desculpa se estorvo com minha presença!

este instante intenso de arrepiante mistério.


Às vezes debuxo teu contorno na parede

e pinto umha cara que me mira de esguelha

e umha boca de inocente sorriso cativadora

mentres contemplo ao longe só tua esfera.


Nas noites de redondeza e diáfana claridade

ouveam os lobos lá na espessura da floresta

os morcegos saem dos seus refúgios e voam

descrevem circos de lua ante tua presença.


As pantasmas vagam pelos estreitos rueiros

na procura de almas perdidas e sem descanso

ou de vidas que ficam aos poucos sem alento

é a santa companha compartilhando teu fato.


Quero roçar tua superfície nú com meus dedos

deitar-me no teu berço entre os cornos ergueitos

adormecer com suaves arrolos, cantigas e versos

e espertar-me aconchegada lambendo teus peitos.


                                                     Belém Grandal

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CADEIAS DAS NAÇONS



CADEIAS DAS NAÇONS

E nos entardeceres
muros e sombras
neste lôbrego espaço
nom sinto a aurora.
Nom sinto o vento
só um punhal espetado
no pensamento.

O tempo que ainda fica
é fruita amarga,
mas se converte em doce
quando se acaba.
Só os campos ermos
onde o inimigo mora
dam fruitos secos

Os corpos maltratados
ainda resistem
os ódios e malheiras
que lhes infligem
Sempre é impossível
destroçar em anacos
o indivisível.

Nom sinto a luz da lua
entre os meus dedos
reflectir-se na cara
dos meus anelos.
Sinto as miradas
estranhas que me seguem,
desconfiadas.

Pom a mao no meu ombreiro
quero teu alento
que insufle dignidade
a este momento.
Olha os vigias,
eles tremem de medo,
sabem mentiras.

Há ser longo o caminho
na soidade
deste fechado inferno
de atrocidade.
Mira os meus olhos
desejam nova vida,
estam ansiosos.

Agora sinto o vento
também a aurora,
sinto o fulgor da lua
nom estou soa
Levo memória
de todo o sofrimento
Maldita Estória!

Nas grades das masmorras
entre as paredes
berram forte as vozes
que as liberdedes
Batem na porta
erguendo o punho em alto
já chega a hora!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SOLTAR LASTRO


















SOLTAR LASTRO

Arrastam as nuvens a espessura do dia

e no teu corpo meu alento expande

o silêncio.

Abrolha clara e morna a luz do amencer

quentando o suor ainda nom esvaido

do êxtase.

Mexem-se os corpos ao ritmo do pranto

da criança no berço, sem colo ao que asir

o sono perdido

e os últimos laios de prazer espalham as

húmidas fragrâncias dos teus beiços

na minha pele.

O dia muda o rumo dos factos consumados

e dos desejos incumpridos sentindo ferido

teu orgulho doente.

Derramam as bágoas minhas esperanças

enquanto na tua mirada assoma de novo

um ar gélido

mas o virus do teu ego enaltecido

nom atingiu a minha dignidade de mulher

erguida e com coragem.

Colivim com o muro da tua incomprensom

exigindo o espaço que me protegia

da tua arrogância.

Nom som um reclamo como canto de sereia

atraindo aos navigantes para afundir o seu

destino.

Som companheira na viagem da vida, nom

inimiga dos caminhantes na procura do trajecto

cara a felicidade

Nom quero tua compaixom, mas sim a devolta

da minha plena existência, ainda hoje ferida

e danada.

Já nom hei permitir minha encuberta, som visíbel,

unindo as minhas forças com o resto

da humanidade criadora

Som eu, dando fôlegos, alumeando

um novo dia, soltando teu lastro

Som ascuas derretendo as cadeias que

me atavam ao teu universo masculino.

Eu, sem complementos, eu completa,

eu definida, eu só, eu mulher, eu pessoa,

eu a pensar, eu a decidir, eu a fazer,

eu a comprender,

eu a compartilhar, eu a…

Eu…

E tu quém es? Queres compartilhar?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

ANTITOURADAS












ANTI-TOURADAS

Entras no circo com força impetuosa e aparência impecável

besta selvagem por direito próprio e sentes-te encurralada

mentres olhas de esguelha cativas criaturas à expectativa

do comportamento dum animal ceive agora desarraigado


Procedes de campos e devesas onde passeias tua grandeza

e corres bufando à terra e as árvores endireitam a ramagem

para enfiar o caminho no que logo repousas a robustez

reconciliada com a terra que sustenta tuas firmes pegadas.


Expeles fumegando arrecendos quentes esparegidos no ar

as majestuosas águias estendem as asas rendendo pleitesia

oferecendo a sombra sob a que calmas tua fúria indomável

após baterem a cornamenta com bestas da mesma estirpe.


Com essa luta marcas um espaço e o status que te corresponde

compartilhando com a manada os instintos atávicos de casta

que ao longo do tempo viu em forjar um rudo temperamento

imenso teu orgulho e bravura que intimida até nossa alma.


É na vaidade dalguns onde nasceu a cobiça para te aniquilarem

estabeleceram festejos divertindo-se com o teu sofremento

dias ingratos e funestos com cerimónias e ritos de imolaçom

derom em chamar arte e festa à tortura, agressons e tormentos.


Eu também lhe chamo arte do crime, da ignorância e da ruindade

que deseja saciar as iras do monstro da inconsciência e da barbárie

é este sistema egoista e injusto que impom de sempre a carragem

anula as mentes lúcidas para satisfacer os instintos mais baixos.


Assim ocultam o ódio e maldade que impera nesta sociedade

de glória para os verdugos que enchem de luces seus fatos

os bufons andam a saltos com bandeiras no lombo espichando

“Rojigualdas espanholas” que som as que firem, matando.

Belém Grandal Paços

domingo, 11 de julho de 2010















A MORTE

Companheira inseparável no devir da existência

presença espectral agochando o inefável rosto

burato preto que nos engole com força centrípeta

pela que somos arrastadas com total veemência.


Às vezes quase posso sentir teus passos bem perto

e junto a mim um rasto de lamentos e angúrias

e os coraçons afligidos a baterem entre saloucos

mentres lá vai o futuro com um destino incerto.


Quando o jinete do apocalipse ergue sua fouçanha

a morte emerge do abismo para arrincar consciências

é o fim do caminho por desígnio deste fado maldito

fica só em nós o desacougo pela sua sinestra manha.


Mundo das ignotas tebras e dos ocasos eternos

que nos abrange de súpeto sem qualquer remédio

imposto pelo acaso dum acontecer que dita o rumo

dirigindo a nave misteriosa dos factos sempiternos.


Nom há qualquer possibilidade de impedir o avanço

pois cabalga a galope veloz até os confins do mundo

do norte, leste e oeste, ao sur que é o lugar predilecto

alimentando-se da miséria e fame com gosto ranço.


Palavra à que deves mostrar respeito e pôr distância

inevitável ainda que quereriamos adiar sua chegada

mentres interpretamos um papel neste imenso teatro

A Morte é coma o telom que cai com tuda arrogância.


Alguns querem mostrar que a todas trai a igualdade

mas que mortes fermosas entre dosseis, sedas e ouros!

outros morrem esquecidos e usurpada sua esperança

embora, que melhor morte quando for em liberdade!

BELÉM GRANDAL PAÇOS

domingo, 4 de julho de 2010

ÊXTASE



ÊXTASE

E nos dias de sufocantes calores

quero beber dos cativos orifícios acuosos

que recobrem tua pele.

Refrescar meus beiços nas suaves geografias

dos espaços húmidos que percorrem

teu corpo

e deter-me para morder os frutos

que me ofereces após madurecerem

ao sol da tua quentura.

Perder-me entre a doçura aceda do teu sexo

deixando esbarar a lingua

no penis-ínsula emergida entre as cavidades

que começam a encher-se de correntes líquidas

remegidas pelos movementos

e tremores intensos, quase violentos

que arrastam substâncias viscosas

deslocando-se pelos condutos internos

Mas antes de fluirem ao exterior

ainda ham peneirar as grutas esbaradiças

da minha geografia continental

até desembocarem nos mares efémeros

da nossa incontinência coital

Porém estoura tudo este universo

explodindo estímulos ocultos

A catarse que transgrede

a intimidade desbocada coma gêiseres

que a temperaturas elevadas

esparegem fontes, agora de prazer

sublimes desvarios carnais

indispensáveis no apogeu máximo

da luta entre superfícies

extremadamente susceptíveis à fricçom.

Estremecem-se assim nossos corpos

com espasmos e delírios até o summum

mentres os graus da calor ascendem

já deu chegado o momento culme

onde acedes ao umbral do ÊXTASE.

BELÉM GRANDAL