
O JARDIM DAS PALAVRAS
Observei-te desde a janela regando as plantas murchas do jardim
Amanhá há chover e as pingas ham ser vidros com afiado gume
esnaquiçando as pétalas secas e sem vida para serem inumadas
e tornadas de novo em semente fértil para procriarem beleça
Nom desejo flores frescas recem cortadas acima da minha cova
coma bodegons frios e lúgubres que emudecem os sentimentos
Acredito na emoçom das palavras agradecidas em versos e rimas
de louvança dumha sutil existência que ficou gravada em pedra
No jardim das palavras nascerám sílabas que acentuem o silêncio
omitindo as bágoas que já nom ham escorregar polo meu rosto
após serem ocultadas pola noite perpétua que abrangeu de súpeto
meu corpo doente para rematar grávido de devoradores vermes
Observarei-te desde o além regando os verdes gromos das flores
É bom que medrem enquanto a lua ainda permanece no crescente
No amencer as pétalas húmidas polo orbalho cintilam ao sol
intensificam-se as cores e arrecendem os perfumes com o seu frescor
Saberei da chegada da primavera ao florescer do virtuoso loureiro
ao pé da tumba sob a lousa onde jacem os ossos e restos putrefactos
Ajejarei entre as tebras polos resquícios do túmulo o lueiro da noite
E acordarei as manhans recitando os versos que me aprendera a poeta