
FURACAM MARINHO
Barca em que navego desorientada
Sinto mareios com o seu embalar agitado
nas augas bravas
encoleriçadas, de remuinhos
pretos e abissais.
Os remos nom me pertencem
nom os dou topado para vencer
o furacam de auga que já me afoga
Abraça a minha cara com força
incoerente e abatidora.
De súpeto lança-me
em todas direcçons
Surgem das profundidades
ondas gigantes coma tsunamis
A sua negrura abrumadora
produz-me terror mas também
ansias e raiva para poder
destruir sua enorme potência,
imensa e devoradora do meu ser
ferido, mas íntegro.
Aquí estou, só, e no isolamento
luito contra a besta cruel
que deseja possuir-me.
Contra este poder egoista
e aniquilador:
Nas noites de lua crescente
com envolvente circo. Parece que
muda o tempo e me disponho
Ou as de lua cheia onde crio
feitiços para acabar com
a maldade da natureza.
Na saudade dos dias a passar
lentos, espessos e opacos.
Nas primaveras que ainda
sinto longe.
Nos invernos perpétuos
que me acompanham
a cada momento.
Nas horas polas que o tempo
nom passa e som acedas
Na extensom do meu quarto
de salvaçom, onde fico isolada
desafogo e reuno forças.
Qual é a causa de quereres
submeter-me a inconsciência
fóbica dum furacám marinho?
Qual é o motivo desse ímpetu
desmesurado de apoderares-te
da minha vida?
Qué has fazer após me destruires pola
força dos teus desastres psico-naturais?
Achas que teu trunfo será exemplo
para manter em pé outros furacáns
assoladores e catastróficos?
E depois qué...O teu trunfo há de ser
a desgraça dumha parte importante
da Humanidade criadora, e tu, já
nom serás mais que o engendro
da morte.
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