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sábado, 14 de agosto de 2010

A LUA


A LUA

Geometria do circo pendurada no espaço

alvura sem esquinas levitando equidistante

quero encher de palavras tuas fundas cráteras

e prenhar-te entre as marés da fertilidade.


Quando o sol alumeie teu grávido ventre

parirás quatro luas entre a terra e o universo

lua nova e crescente, lua cheia e minguante

eróticas feminidades com impúdico sexo.


E nos eclipses as tevras cobrem tua imagem

tudo é escuridade e assombroso silêncio

desculpa se estorvo com minha presença!

este instante intenso de arrepiante mistério.


Às vezes debuxo teu contorno na parede

e pinto umha cara que me mira de esguelha

e umha boca de inocente sorriso cativadora

mentres contemplo ao longe só tua esfera.


Nas noites de redondeza e diáfana claridade

ouveam os lobos lá na espessura da floresta

os morcegos saem dos seus refúgios e voam

descrevem circos de lua ante tua presença.


As pantasmas vagam pelos estreitos rueiros

na procura de almas perdidas e sem descanso

ou de vidas que ficam aos poucos sem alento

é a santa companha compartilhando teu fato.


Quero roçar tua superfície nú com meus dedos

deitar-me no teu berço entre os cornos ergueitos

adormecer com suaves arrolos, cantigas e versos

e espertar-me aconchegada lambendo teus peitos.


                                                     Belém Grandal

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