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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A SERPE



















A SERPE

Fria e viscosa serpe que se abraça

afoga minha voz e quita a vida

enquanto muda a húmida coraça


eu procuro o caminho da fugida

mas é agil e arrasta sua figura

até atingir a força estremecida


que origina e cria minha amargura

e destrui a via pela que caminho

causando destroços com impostura


mas, ainda assim, às vezes adivinho

o instinto da besta no desafio

convertido o ánimo em desalinho


vago sem rumo ao livre alvedrio

ela me persegue com muito tino

eu também a espreito com arrepio


para perceberem qual é o destino

e mudarmos o rumo já disposto

polo reptil selvagem e assassino


Eu quero berrar forte e sobreposto

ao ruido que emite quando chia

mirar de frente, sem medo, seu rosto


e nom render-lhe jamais pleitesia

proclamando bem alto umha protesta

contra sua opressom e tirania


Hei matar a ruim cobiça da besta

para que nom se instale e permaneça

alimentada com a nossa ingesta


Batem os coraçons com grande arela

de poderem expressar com firmeça

as palavras da razom sem cautela


É tempo de dar-lhe em toda a cabeça

matar a submissom que nos produz

viver sob a tutela desta peça


Afastar-nos há de quem nos conduz

ao abismo que nos desapareça

sem dia, sem sol, sem nengumha luz

De nós depende  que nos acaeça

                              Belém Grandal

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