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segunda-feira, 26 de julho de 2010

SOLTAR LASTRO


















SOLTAR LASTRO

Arrastam as nuvens a espessura do dia

e no teu corpo meu alento expande

o silêncio.

Abrolha clara e morna a luz do amencer

quentando o suor ainda nom esvaido

do êxtase.

Mexem-se os corpos ao ritmo do pranto

da criança no berço, sem colo ao que asir

o sono perdido

e os últimos laios de prazer espalham as

húmidas fragrâncias dos teus beiços

na minha pele.

O dia muda o rumo dos factos consumados

e dos desejos incumpridos sentindo ferido

teu orgulho doente.

Derramam as bágoas minhas esperanças

enquanto na tua mirada assoma de novo

um ar gélido

mas o virus do teu ego enaltecido

nom atingiu a minha dignidade de mulher

erguida e com coragem.

Colivim com o muro da tua incomprensom

exigindo o espaço que me protegia

da tua arrogância.

Nom som um reclamo como canto de sereia

atraindo aos navigantes para afundir o seu

destino.

Som companheira na viagem da vida, nom

inimiga dos caminhantes na procura do trajecto

cara a felicidade

Nom quero tua compaixom, mas sim a devolta

da minha plena existência, ainda hoje ferida

e danada.

Já nom hei permitir minha encuberta, som visíbel,

unindo as minhas forças com o resto

da humanidade criadora

Som eu, dando fôlegos, alumeando

um novo dia, soltando teu lastro

Som ascuas derretendo as cadeias que

me atavam ao teu universo masculino.

Eu, sem complementos, eu completa,

eu definida, eu só, eu mulher, eu pessoa,

eu a pensar, eu a decidir, eu a fazer,

eu a comprender,

eu a compartilhar, eu a…

Eu…

E tu quém es? Queres compartilhar?

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